Quando eu era jovem e saudável, não pensava na morte.
A avistava de longe, sem pressa para encará-la
O envelhecimento mudou minha percepção do morrer
Hoje tenho impressão de que, em qualquer esquina, posso encontrá-la
Não sei como será
Assim, em vida, resolvi ser mais seletiva
Deleitar-me com coisas bobas!
Rir muito, sem me importar se os outros acharam engraçado
Olho menos para fora
Voltei-me para dentro de mim
Observo mais e avalio menos
Mesmo sendo difícil
Resolvi dar uma segunda chance para mim mesma
Ou, até mesmo, mais se for preciso
Nessa perspectiva, por algum motivo, as cores ganharam outro brilho
Arrisco mais
E por que não?
Permito-me errar sem culpas
Lembrando sempre do auto perdão.
Encontrei novas possibilidades
Faço questão de lembrar a todos que amo o quanto elas são especiais
Percebo, ao meu entorno as pessoas que, antes, apenas tolerava, com outro olhar.
São apenas seres humanos tentando se encontrar
Hoje despeço-me de todos com uma lembrança de mim
Pode ser um beijo, um abraço, um silêncio, uma escuta empática, um obrigada genuíno, um eu te amo!
Não sei exatamente o momento em que não estarei aqui
Por isso mesmo a impermanência hoje faz muito sentido para mim
Acredito que, assim, o meu encontro com a morte será mais leve
Podemos até nos abraçar!
Impossível agendar esse encontro que a qualquer hora pode chegar
Autora: Élide Cristina S. Oliveira
Texto registrado na seção de direitos autorais da Biblioteca Nacional. Todos os direitos autorais reservados à autora
Foto: travels _ destination: Photo by @golden_heart
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